Você sabe quanta água foi gasta para produzir os produtos que consome? E quanta água você gasta no seu dia a dia?
O consumo consciente está em voga. Cada vez mais a população quer saber como foi feito cada produto e quais os danos sociais e ao meio ambiente que a sua fabricação causou. E com a crescente demanda por informações detalhadas a respeito desses recursos, alguns tipos de medidas para classificar e quantificar esses gastos vêm se tornando cada vez mais populares.
No início dos anos 90, uma dupla de pesquisadores, William Rees e Matthis Wackemagel, apresentou a pegada ecológica, ou de carbono, uma metodologia para calcular a quantidade de recursos naturais gasta em cada atividade humana. Em 2002, o Instituto de Estudos da Água da Unesco desenvolveu um conceito similar, mas específico para calcular o volume de água total usado durante a produção e o consumo de bens e serviços, bem como o consumo direto e indireto no processo de produção. O conceito foi batizado de Pegada Hídrica.
Um estudo pioneiro desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Twente, em Amsterdã, estimou a pegada hídrica de cada nação e setor econômico. De acordo com ele, o Brasil tem anualmente uma pegada de 2.027 metros cúbicos per capita, sendo que cerca de 9% desse volume de água é gasto fora do País. A pegada hídrica global no período que compreende os anos de 1996 a 2005 foi de 9.087 Gm³/ano.
Existem três tipos de pegada hídrica, e todas são consideradas no cálculo final. A verde diz respeito à quantidade de água da chuva incorporada em um produto durante a sua produção; a azul calcula as águas superficiais ou subterrâneas que evaporam ou são incorporadas em produtos, devolvidas ao mar ou lançadas em outra bacia; e a cinza mede o volume de água necessário para diluir a poluição gerada durante o processo produtivo.
Água e pegada hídrica em pauta
E o tema “água” está mais em voga do que nunca. A escassez do recurso atinge anualmente mais de 2,7 bilhões de pessoas. No Brasil 97% da população urbana tem acesso a redes de água, o que não significa que o País não enfrente problemas relativos à questão: “Começa a ser demandada pela sociedade a regularidade do fornecimento da água e a sua qualidade”, explica Vicente Andreu, diretor presidente da Agência Nacional de Água.
Não à toa, a Unesco declarou que 2013 seria o Ano Internacional da Cooperação pela Água. Cada pessoa utiliza muito mais água do que aquela aparente (a água de chuveiros e pias e a ingerida). Há uma enorme quantidade da substância embutida na produção de alimentos, papel, roupas, etc. Para se ter uma ideia, a produção de um quilo de carne bovina utiliza 15 mil litros de água.
Acompanhando essa realidade, o design ecossustentável passa a ser matéria importante em escolas de design. Um exemplo é o IED, Instituto Europeu de Design, com sede em diversos países da Europa e também no Brasil, que encabeça o “Projetando para a Sustentabilidade”, uma iniciativa de formação promovida em conjunto pelo Ministério do Meio Ambiente da Itália, para favorecer e divulgar a sustentabilidade ambiental dos produtos, o estudo de seus ciclos de vida, o ecodesign e o design para a sustentabilidade, o estudo de materiais eco-friendly e ações de comunicação ambiental.
Na opinião de Marco Lorenzi, diretor-geral do IED Brasil, “não é possível mais pensar o design sem os princípios da sustentabilidade, tanto em seus aspectos ambientais, quanto sociais e econômicos”.
Calcule a sua pegada hídrica
A pegada hídrica é uma importante ferramenta de conscientização da população em relação aos seus hábitos de consumo, uma vez que lança os holofotes sobre informações e dados muitas vezes omitidos e esquecidos. A Water Footprint, organização que atua em defesa da água e da divulgação da pegada hídrica, disponibiliza um questionário com perguntas genéricas para calcular a pegada de cada pessoa. Faça o seu!
“O interesse na pegada hídrica está enraizado no reconhecimento de que os impactos humanos nos sistemas de água doce podem estar ligados ao consumo humano, e que questões como a escassez de água e a poluição podem ser mais bem compreendidas e tratadas, considerando a produção e as cadeias de suprimento como um todo,” afirmou o professor Arjen Y. Hoekstra, um dos pesquisadores responsáveis pelo desenvolvimento do conceito.
fonte: http://sustentabilidade.allianz.com.br/